terça-feira, 24 de maio de 2011


Disse o que disse, fazendo com que todas aquelas correntes ao redor pudessem ser quebradas de uma vez.
E demorou mais, durou mais do que deveria ter durado.
Entrou de uma maneira que não hesitei, nem entendi. Só relevei. Só empurrei. Levando até onde deveria ser levado. Fazendo força pra que pudesse ser tudo isso sustentado, juntando tanto lixo, tanta poeira, tanta indiferença.
Ouvindo tantas coisas desnecessárias, isso porque busquei? Isso porque pedi?
Não, nada disso foi o que procurava, nesse escuro nesse ponto a que chegou.
Não deveria ter alimentado desde o início de tudo. Nem deixar meus pés escorregarem desse jeito.
Pra que mantenha em mim essa firmeza de tantas palavras, devo colocar a chave na porta certa. Fechá-la logo de uma vez, pra que não passe vento algum que possa balançar-me, pra que não veja rosto algum que me faça regredir, pra que nenhuma pergunta volte sem resposta. Pra que dê ênfase ao sentido de todo inicio ter seu fim.
Pra que dê motivos ao crescimento, para que seja arquivado em silêncio. Pra que seja cumprida a lição de erguer-se antes mesmo de se chegar a cair.
 Veio para arredondar esse acerto.
Pra sentetizar a estratégia.
Pra que provasse que nem sempre marés altas pudessem causar medo.
Pra extornar todo labirinto que foi-se formado com o passar dos dias, com o decorrer das horas. Vai retornando todo o caminho percorrido como um filme que rebubina-se rapidamente, rendendo ao desvio de escolha. Apenas volta. Cumprindo seu dever.
Pra que seja tomado fôlego novamente, de crer que existem possibilidades de escolha.
Pra mais uma vez me provar que alcanso, no mesmo grau que me canso. E que apesar de todo cansaço que me houver, hei de alcansar. Hei de selar os lábios sem me despedir.
 Hey de conformar-me em tudo que valha experimentar, que valha desenvolver, que valha tentar.

domingo, 15 de maio de 2011


 Estranho seria, se pudesse trocar constantemente de sentimento, de corações.
Se pudesse amenizar, essa sensação esquisita do dia seguinte, essa pressão que dá no peito quanto se percebe que é chegada a hora da despedida.
Esse buraco na garganta vazando silêncio, das muitas palavras ditas em vão.
Entrando no lugar, roubando a cena, deixando pra trás a máscara que havia sido usada antes.
Porque existem espaços demais entre nós dois.
Existem semelhanças, existe um laço frouxo pendurado apontando para teus passos nos meus.
A única medida que tomo é cautelosamente, fingir que te esqueci.
E que outra página foi virada, outro dia que nasce.
Só fica mais dificil esquecer, olhando para tantos roxos na pele, tantas marcas na alma, tantos segredos a serem mantidos.
Dificil é ao acordar não recordar o que foi passado, vivido, experimentado.
Pois se não fosse essa ansiedade, essa necessidade de experimentar, não haveria sentido minha vida. Não haveriam motivos de tristezas, nem a euforia de alguns acertos.
Não sobraria tempo pros pensamentos indagantes, nem espaço pra tanta insuficiência.
O fato, é que não me contento com momentos, com o passageiro, com o que não volta.
Eu ainda preciso da garantia do que virá no próximo dia, isso até que me cresça por dentro, isso que dá na gente pra desfocar dos erros, pra tentar de novo, sem que se perceba o fim.
O que ainda me falta, é coragem...


quinta-feira, 5 de maio de 2011


Quando se aproxima o outono, e toda a cidade parece ser mais fresca, mais acinzentada, nada me tira o foco de caminhar, por caminhos desconhecidos.
Essa nostalgia que chega em toda troca de estação, esses momentos cinzas da vida.
Esses dias que na verdade é preferível nem acordar.
Mas quando acordo, quando abro meus olhos e sinto a vida me impulsionar da cama.
Sinto meu corpo se mexer pedindo para que eu não me deixe abater. Não me deixe desfocar.
Sinto um nada de sintonia, sinto muito de tristeza. Mas essa, vem, fica, até ser por completa absorvida.
E depois vai embora como se nada tivesse acontecido.
Vai embora sem despedidas, rasgando um pouco da garganta seca, que tanto quer dizer, quer se explicar.
Se vai, mas não demora e então volta. Regressa ao meu peito querendo dizer que isso é necessário.
Tentando mostrar que existe além dela muitos dias que virão felizes, rabiscados de satisfação, marcados de sorrisos tantos...
Mas se realmente, tantos sorrisos são marcados, e são suficientes, não entendo por que estar assim. Me deixar afudar nessa poça tão rasa.
Me deixar frustrar em tão pouco...
Não. Eu ainda não descobri. Até esse instante, não tirei essa venda dos olhos. 
Não redescobri nada de tão importante, não debrucei sozinha na janela, não vi o sol se pôr nenhum desses dias, não abri a porta com vontade de sair, não dicerni nem digeri as palavras todas ditas à mim durante esse tempo todo...
Talvez toda essa melancolia, seja uma forma grandiosa de saber me explicar, de tentar dão desertar, de implicar a qualquer sentimento vivido, as minhas fartas palavras.

terça-feira, 3 de maio de 2011






Não era para entender errado, confundir os fatos, tentar descrever o que escrevi.
Quando procurei, achei. Quando quero e tenho, sufoco.
Não entendes as medidas a serem tomadas?
Não sei ainda por onde começar, mas sei que um caminho será tomado, está sendo traçado a cada segundo que passa, em meus pensamentos e também fora deles.
Não me costuro aos poucos como retalhos e sobras de coisas antigas.
Eu me renovo, e me escravizo se necessário for, para que atinja ali meu objetivo, a perfeição diante dos meus olhos.
Eu não te peço nada além de compreensão de minhas palavras. De minhas atitudes. Embora mesmo não devendo-lhe respostas, as dou. Mesmo embaraçada, confusa, mas sempre resposta.
Pois o silêncio é o pior que há, o menor a insistir, a persistir no erro... pára o caminho pela metade, dá meia volta, repensa.
Eu ajo, quase nunca nesse silêncio.
Quase sempre me arrebento.
Todas as vezes tive respostas. Quase nenhuma me agrada, mas ali deixo marcado minhas unhas, como quem já por ali estivesse passado.
Deixo como maneira de cutucar na tua mente, que ali existo. Aqui resisto, aqui me encontro.
E se não encontrasse também não faria diferença, estardalhaço ou algo que pareça.
Tenho asas, e as descobri há pouco. E para que aprenda a voar, milhões de ti irão passar por mim e me tontear, até as ferí-las aos poucos. Mas nenhum desses me matará de dor, me tirarão amor, qual o que sinto ao tentar levantar vôo todos os dias.


domingo, 24 de abril de 2011


De tanto, ou de tanto em tanto, chega-se a hora que sair à francesa será sempre a melhor opção.
Ao sair de lugares, ao trocar os passos, ao se envolver além da conta.
Ao passar da cota, dos limites. Ao enxergar a sujeira próxima do tapete. E não varrê-la para baixo, mas encarar a vassoura e a poeira.
Ao não ver soluções. Ao pensar que as viu. Para que ninguém me veja sair.
Não é uma maneira bruta de fugir, nem mesmo sutileza para desviar... são incertezas.
E sempre nelas é que me perco.
São anormalidades, uma certa bipolaridade que me toma as vezes.
Mas nem isso ao certo sei dizer se é. Se foi... 
Pra que evite também que todo mal seja alastrado, corto no meio as correntes. Corto sem pena, arrancando raízes. Puxando sem medo, pra ver no que dá. Até onde vai.
Mas devo dizer-lhes, mesmo que não possa olhar nos olhos, sei que a única maneira de me atingir de verdade, é sonhar ilimitadamente. Não suporto realidades, não suporto.
Não tenho saúde pra desamor.
Não tenho espaço pra dor.
Não revejo conceitos sem que nada mude.
Deve-se mudar... nem que mude apenas de lugar, e tudo continue o mesmo.
O que me garante um pouco de suficiência, satisfação, é a enganação de mudanças.
Pois a ordem dos fatores, matematicamente ou não, de fato não altera produto algum...

sábado, 16 de abril de 2011


O que posso dizer hoje, se queres realmente saber,
é que estou cansada.
Simplesmente cansada.
De corpo, de alma, de mente.
Cansada dos desvios, dos desencontros de tantas sementes perdidas, plantadas a esmo, escondidas com o tempo.
Cansada em cada centimetro de meu corpo extenso.
Cansaço de medidas, de limites de fantasias.
Da importância que não é dada, da palavra anunciada de repente, do vazio que preenche todo o peito, toda a rua, toda a noite.
Uma frieza que vai somando aos poucos, se alastrando, multiplicando.
Tudo isso cansa.
Tudo assim destrói.
Todas as formas de machucar, de sentir medo, de ter prazer, demasiado tudo me cansa.
Como se existisse em mim uma corda a ser dada, pra retornar à vida, pra ter novamente sentido.
Minha melancolia me cansa, minha alegria exagerada as veses a outros ferem, esses mesmos também sabem me fazer cansar... 
Então já não encontro um meio de parar, de dar fim à toda reclamação, toda nuvem negra que encobre... E isso tudo, já me cansou demais...


quarta-feira, 6 de abril de 2011


E se queres saber,tu fostes um delírio, dum sonho lento.
Fostes a parte de um sentimento.
Que eu ignoro, sem recentimento.
Se queres então entender, pra tentar me enganar,
não souberas mentir, não souberas amar.
Se não te encomodas, com o que sentia, não aparecestes como então devia,
não olhou nos olhos, não deu direção.
Se escondeu em falso, pela multidão.
Não aprenderas a dançar na festa. Ao abrir a porta, tens de olhar na fresta.
  Invadistes assim o meu corpo cansado. Deixando-me sentir, teu rosto suado, tentando evitar que de idéia eu mudasse,
não tentastes nem mesmo que ali eu ficasse.
Ratalhastes por fim, todo pensamento, todo sonho tido, levado pelo vento, jogastes mundo afora, como se em cada hora, pudesse ter-me. Vir-me , sentir-me.
Não, nem apenas uma vírgula mereces, nem meu tempo lembrando-te em minhas pequenas preces,
nem os minutos que passados, se esconderam. Nem em teus músculos meus olhos se perderam.
Nem tampouco existe algo de mim entre nós.
Não pedi silêncio, não calei tua voz. Não te acelerei, nem te reprimi.
Não me interrompeu, não me iludi, nem me escondi. Não acreditei, em palavra alguma sequer, e da maneira crua que se foi, nada mais trarás quando vier.
E se queres por fim saber, apenas pra que possas refletir ao entender,
que nunca fostes homem, nem souberas ser.