domingo, 12 de dezembro de 2010






Se conseguisse exprimir tudo que vaga dentro de mim, sem que parte alguma fosse abalada,
sem que nenhum pensamento fosse violado.
Sem que nenhuma frase fosse disperdiçada, despercebida.
Sem que nenhum segundo desse dia se perca. Se ausente. Se adoeça...
E assim vagarosamente percebo e admito, quão importante para mim ainda se tornam esses poucos segundos, esses tantos olhares e todos os detalhes.
A minha riqueza mora nos detalhes, se absorvem gota a gota, uma a uma, como se meu corpo fosse uma esponja de sentimentos atraídos, entranhados. Submersos.
E transformar tudo isso dentro de uma tela, e passado letra a letra num papel, as vezes não intecionalmente não cabe. Não há espaço pra tanta inspiração, pra tanto contraste, tantas idéias e subverções.
As vezes ainda me falta espaço pra me deixar.
Eu não posso controlar o alaranjado tomar conta desse céu tão de repente, não controlo as horas que lentamente passam pra que eu a possa sentir, a possa aflorar. Pra que então por uns instantes eu descontrole, e perca as rédeas da censura. Dessa privatização dos sentimentos, das vontades,desejos.
Eu deixo meu corpo soltar aos poucos, envolvido e embreagado cada vez mais por mais olhares, mais forças, mais energias que se encontram. Se laçam. Enfeitiçam.
Enquanto danço;enquanto me liberto.
Enquanto canto;me movimento.
Enquanto escrevo; me perco;
Enquanto assisto. Enquadrando cada detalhe de tudo. De cada centímetro de um corpo a minha frente. Cada milímetro escorrido naquela face, cada cenário que nos envolvia.
Todo tempo do mundo exposto a mim, se perdendo em mim, se revelando por mim...
E por ali eu me encontrava, enquanto você não mais estava...

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