segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Para se perder entre as delícias, pouco custa, muito acontece.
Todas as delicias, todos os momentos.
Todas as partes, devem ser controladas.
Cada olhar, cada arrepio, cada sentimento de dor, de vergonha,
de sujeiras acumuladas nas entranhas.
O que não terá nunca receita, o que não consigo recusar.
Que vem de dentro, e destaca-se mais fundo ainda.
O que de repente aflorava em mim, era o quanto queria fazer-te bem, sentir-se bem.
O que de repente sobrava em mim, era a aflição, o desespero de me perder do que me acontecia.
Tudo aquilo em ti, me seduzia.
Me fantasiava, me enlouquecia.
Toda tua inocência, todo teu respaudo.
Tua loucura maior que a minha.
Tua mão maior que a minha.
Tua cor refletindo na minha.
Teu sabor embutido no meu.
Tudo teu. Tudo meu, tudo em mim.
Preso, agudo, voraz. 
Errante, gigante, veloz...

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Não há o que possa combater essas pequenas brechas abertas na alma;
Nem o que faça reverter. Não há prece que desapareça esse desprazer.
Não há fonte que sacie toda essa sede. Todo esse corpo a ser sutentado.
Tantas pernas para andar onde preciso. Onde percorro. Onde me sinto descalso.
Onde me recolho e sinto-me suspensa de tudo que embaraça meus passos.
Onde eu olho ao redor, de longe.
Não há o que desfça tais medidas, tais ardências, tais urgências.
Que me aperta o peito, dissimulando, desajeitando toda coragem.
Não há o que cubra esse silêncio.
Nem o que redescubra, nem o que disfarce.
Não há nesses casos o que se fazer. E se houver cubro de toda emoção, desequilbro de toda razão, me perco e me encontro em casualidades, não me prendo nem desprendo.
Não aperto nem afrouxo.
Não tenho truques na manga mas trago verdades.
Não faço desfeitas de tuas opiniões, mas faço questões das minhas.
Não suborno com egoísmo sentimentos alheios, e o que posso fazer é sentí-los pelos outros.
É doar tudo isso sem pensar na volta.
Sem olhar pro lado. Sem hesitar.
Sem me regular.
Sem te explicar...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Me levastes dessa maneira como correnteza.
Cada vez mais profundo, mais distante.
Deflagrando toda minha insegurança.
Desperdiçando toda assimetria, todos os contratempos.
Trazendo como refúgio o teu peito acelerado, e foi nisso que errastes.
Colocastes em inérsia o que não poderia nunca parar.
E ali descansei, ali descobri meu verdadeiro rumo.
Ali me perdi.
E foi como se tivesse estendido uma ponte para que por ali passasse.
Como se minha respiração suspendesse, e se minha voz falhasse, e meu olhar morresse, mas não morreu.
Nem se afogou, nem me doeu.
E ali pousei... sem pena, sem pausa, sem passo.
Ali parei,  arrumei um espaço pra descansar.
Mas sinto que me falta um pedaço, uma parte uma arte.
Falta ainda tecer minha teia, falta ainda chegar lua cheia,
falta prender o teu sangue em minha veia...

terça-feira, 16 de novembro de 2010




Não comprarão o meu silêncio;
nem minhas poucas palavras quando as devo;
nem as muitas que digo quando me enraivece.
Não comprarão meu sorriso;
nem as gargalhadas que derivam dele;
muito menos os motivos que me fazem feliz.
Não comprarão com meros trocados, o que me satizfaz na alma;
nem o que necessito na vida, não substituirão um prazer por outro de qualquer maneira.
Nada de qualquer maneira me satisfaz.
Não irão comprar, nem sequer comparar minhas falhas com meu atos.;
Falhas minhas são só minhas, e meus atos consequentes.
Minhas obrigações não me limitam. Meu limite não é o limite,
minha imensidão não será comprada.
O infinito não pode me proporcionar tudo o que quero,
mas tudo o que quero conquisto enquanto eternizo alguns momentos.
Não me comprarão as palavras da alma;
nem as tirarão de minha boca;
nem tampouco irão tirá-las de minha mente...
mas se por acaso conseguir tirá-las, por motivo torpe ou uma distração,
não será assim suficiente;
pois tudo continua guardado na alma,
bem dentro de mim.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Para ver o depois de tudo isso, é preciso ir além.
Além de todo choro, toda tristeza, todos os momentos.
Um especial mais que especial, sem querer fugir, sem precisar disso.
Sem sentir solidão, sem haver espaço pra isso.
Sem perder o controle, sem premeditar os movimentos de teu corpo, sem preparo algum de palavras.
O casual sempre surpeende.
O inesperado, é onde mora a delícia, o prazer o gosto de tudo.
As consequências de teus atos impensados virão mais tarde. Os arrependimentos batem sempre tarde, enquanto todos dormem, e sonham.
Enquanto sentes sozinho o pesadelo.
Enquanto tentas se livrar do desespero, da carência, dos surtos.
Enquanto enfim sento a observar tuas mudanças, tuas andanças, teus tropeços.
Tudo com prazo de validade, tão curto prazo, tão óbivo.
Tudo a apodrecer, a se desfazer, a se desmanchar...
Numa vergonha tamanha, desse sentimento ímpar, dessa impessoalidade singular.
De tantas pessoas, entre tantos lugares, tantos e tantos, até parar em ti.
Até te perceber, até me encaixar nesse teu etinerário.
Até me envolver nessas mudanças, nesses pulos, nesses traumas.
Até que se arrisque no que julgas tão perigoso, tão errado.
E perceber que perigoso é não errar, é não tentar,
é não falar, não cantar, não julgar,
não chorar, não sonhar, não amar...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

E se me perguntares se amo, direi que sim, amo.
Amo de uma maneira que jamais irias sentir na vida.
Se não acreditares, digo mais ainda, que tal profundidade jamais o alcansaria, se não deixares ser tocado como pretendo e como anseio, como desejo.
Toda essa vontade que me cega e detona como explosivos, corroendo todo o corpo, veia a veia...
E se perguntares o tamanho dessa sede, dessa insanidade, direi que é incalculável e uma base lhe darei se tocares teu peito no meu, se segurares em minha mão sem medo, se deixares que te leve pelas ruas,
sem se preocupar que as minhas se esbarrem nas suas.
E quando aumentares tua frequência, a ponto de quem sabe me alcansares, que delírio sentirias!
Que delícia de ser, de fazer, de amor.
Quantos sorrisos teus se abririam, quanto brilho nas janelas de tua alma.
Quantas vezes, perderias as contas de toda felicidade.
E prometeria se necessário fosse, que tiraria qualquer agonia que o encomodasse.
Isso porque me dou demais, sem mais nem menos.
Isso porque abro portas e nunca as fecho.
Isso porque cada dia que sinto o calor tocar minha pele, adentrando perfurando, cada segundo mais eu quero também invadir, adentrar, te sentir.
Cada segundo a mais quero que veja-me,  quero que toque-me, que sinta-me...
Cada  minuto que exceda de teu tempo, quero gota a gota de teu suor, cada centímetro falso de teu espaço,
e tudo que de ti me venha, que de ti suceda. Toda consequência, toda inteligência,
que te some, te mostre, te faça falta.
Todos teus defeitos, todos teus tregeitos, que de ti consumo...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mais de mim



Eis que habita em mim um espírito selvagem, que não pensa demais e age.
Age como se não houvessem maneiras de voltar atrás.
Se arrepende e pula alto quando seu destino o impulsiona para baixo.
Pula e grita quando sua vontade é de desaparecer desse mundo em que habita.
Eis que há nesse espírito um coração frágil, bruto, insano.
Que toma suas próprias decisões e sofre a cada segundo, de amargura.
Dessas que nos faz chorar tanto até soluçar.
Desses que não tem vontade de nada mais fazer.
Esse mesmo espírito as vezes se prende no tempo, se esquece do presente vivido,
se engana propositalmente com o futuro.
Mas ele é livre demais para se prender tanto.
Ele é solto demais para que o prendam num único laço.
É frágil demais mas se fortifica enquanto cresce, enquanto aprende, enquanto erra.
E se morrer, não foi saudades, não foi amor, não foi paixão.
Se desfalecer as pernas a ponto de marear meus olhos, não foi tão errado, não foi ilusão,
nem foi em vão.
Foram apenas tentativas, e essas guardo comigo, não esqueço jamais.
Para que quando olhe pra trás, nunca diga que não houveram ,não existiram.
Quando dá certo, eu sonho,
mas quando não dá... eu sonho do mesmo jeito.

sábado, 6 de novembro de 2010

Eu não tenho medo do que possa vir acontecer, o que possa paralisar, o que possa ter sentido.
Pra mim, nada faz sentido o suficiente para que eu pare.
Minha sobriedade se afasta.
Minhas condições, minhas limitações começam a aparecer com mais frequência. E esse peito que bate, que ama, que vive, que sonha, que aconchega, que abraça, recebe, envolve.
Onde encontro o senso de direção do teu corpo?
Onde despejo minhas loucuras, minhas manias?
Perco como se todas fossem restos. E restos não me atraem.
Regras me sufocam. Essa distância tão mal colocada me acelera.
Esse desânimo de estar longe. De correr tanto, de nunca chegar.
Essas diversas maneiras de se decifrar um olhar, e saber dizer, saber diagnosticar o que ali acontece.
Aquela cumplicidade, um tom de maldade, um ar de tristeza, um felicidade instantânea quando ao longe me aparece.
E de repente esqueço de onde estou, esqueço o que passou. Esqueço que senti.
Me aprofundo porque não gosto de rasura.
Me precipito pois não espero pelo tempo.
Me adianto, pois eu tenho a liberdade. Tenhos meus momentos, colho sentimentos, fujo de mim mesma,
convivo com a minha dor...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Inicio agora, no estágio mais avançado que me preocupa um pouco.
Aquele que aplica a mim uma condição diferente das quais me acostumei a viver.
Aquela de ser expectadora, tendo de segurar meus dedos firmes em minhas mãos entrelaçadas, para não deixar cair a minha postura.
Precisando emendar o pouco que sobra, da minha paciência, da minha tranquilidade.
Me desafiando a controlar de fato, a gota d'água que resta pra me fazer desistir.
Começo agora a florescer, na parte mais bonita, em plena primavera, onde os odores se misturam e nos confundem, nos fascinam.
Começo agora a desabrouxar, e já viestes com tanta sede, de me ver plena, que sem saber me fizestes murchar.
Me fizestes perder minha essência, de uma maneira rude, que não pude imaginar tal brutalidade.
Mas quando minhas pétalas caem, e pareço envergar cada vez mais, não bata palmas ainda.
Pois sou ainda a expectadora desse romance.
Não se surpreendas ao olhares pro lado e rapidamente me veres erguendo novamente meus botões.
Na mesma pose, na mesma condição, não importando ser ou não primavera.
Importa a minha força que se refaz nesses instantes em que se distrai.
Em certos momentos minha vontade é de destruí-lo e arrancar todos os fios que o conectam ao mundo.
Mas me lembro que ainda sou expectadora disso tudo.
Minha vontade, é de desfazer todas as urgências que me atraem, me instigam.
Mas me relembro que ainda aqui assisto a tudo.
Mas quando de pé estiver, e novamente exalar todo perfume que te balança, que te fascina, que te embala,
quando de pé estiver para veres meus olhos brilhando verão,
quando de frente estiveres para enfrentar o que tanto escondia e retardava...
Arrebentará de vez esse coração machucado, e dará vida a outra que aqui dentro se esconde.
Dará vida ao personagem que lhe embaraçará teus sonhos.
Dará espaço para que entre e deixe um pouco de mim registrado em ti.
E disso tudo talvez, dê o tempo que preciso para enfim te fazer desisir,
dessa idéia fútil de persistir,
na bobagem que fazes ao querer não me querer...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desde aquele dia

Desde então àquele dia, que vi pela primeira vez com os olhos da atenção,
os olhos aguçados para a percepção,
desde esse dia senti que bolia por dentro uma espécie de veneno,
 que não subia pela boca afora, nem tampouco saia de mim.
Encaixava-se no meio, entre um peito e outro, batendo oco, como se expremesse em fagulhas, como se subornasse minha respiração e a suspendesse.
Como se a fatalidade fosse algo inevitável de acontecer.
Desde esse dia, não sei dizer se o que até hoje pensei ser, é de verdade.
Não posso advertir nada, nem tampouco admitir.
Nada a ser feito ou dito.
Minto.
Mais uma vez pego essa mentira de frente ao espelho, e tomo conta de mim todas as vezes que sinto flamejar o corpo, inquietando o espírito.
Tento controlar a mente, sabendo agora, depois de tanto viver, que existem coisas e pensamentos que são incontroláveis. Assim como certas atitudes. Assim como certas pessoas.
Assim como algumas situações, não se podem prever, nem controlar, nem previnir.
Desde o mesmo dia que vi seu corpo dançar, e envolver um mistério instigante diria. Desenvolvendo minhas malícias de tal maneira, de tal suor, de tal sede.
Minha saliva embrulhava em minha boca, toda vontade de devorar aqueles segundos em que enlaçada em teu corpo estava.
E pude sentí-lo acelerar.
E pude sentí-lo adormecer.
Pude sentí-lo, e isso basta. Me importa. E nesse momento o que mais queria era não mais soltar dele.
E naquele contínuo instante de felicidade, percebi que nunca soube a diferença de amor, para afeto, ou paixão.
Eu amo quando me entrego, e me entrego por inteira nunca pelas metades, e meu afeto é infinito e se expressa apenas no olhar.
Minha confusão é esta, e sinceramente, amo a minha forma de me confundir.
Crio raízes naqueles olhos, e anseio deleitar naquele corpo, percorre-lo de maneira expressa.
E admirar como se fosse um diamante bruto à minha frente a ser lapidado por meus desejos.
E usufruir de toda essa água,todo esse rio que embala dos fios finos de teus cabelos até os largos pés que o sustenta.
Quero sim criar raízes nele, pois não posso virar as costas para mim mesma.
Nem contrariar minhas vontades,
e desde aquele dia então, pratico como uma oração silenciosa, os momentos passados em meus pensamentos, tranformando essa meia verdade, numa realidade infinita.